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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

MISERABILIDADE E DIGNIDADE HUMANA: Migração Haitiana no Brasil e o diálogo bilateral



MISERABILIDADE E DIGNIDADE HUMANA:

Migração Haitiana no Brasil e o diálogo bilateral


Flaviano Marques - Isa Coimbra - Leonardo Estrela - Núbia Aguila - Walter Procópio


Introdução
Deus é todo poderoso; Deus é infinitamente bom ; no entanto, o mal existe” (Nilo Agostini). Sendo o Mal uma palavra polissêmica, na pesquisa a seguir falaremos do Mal físico que produz muito sofrimento de inocentes e apresenta-se intolerável.
Nossa pesquisa é um estudo da “Migração Haitiana para o Brasil e o diálogo bilateral”.
A Bíblia em Êxodo 22:21 diz "Não maltratem nem oprimam o estrangeiro, pois vocês foram estrangeiros no Egito.
Desevolvimento
O Governo brasileiro pode fazer para os haitianos:
Ajudar a conseguir os documentos mais rápido; Governo brasileiro deveria ajudar haitianos/reduzir valor do visto; Cuidar dos vistos falsos – como resolver essa questão?; Queixas em relação ao tratamento no Consulado Brasileiro; Alegam que o Brasil não está preparado para receber estrangeiro. Entendem que o Brasil “convidou” haitianos para vir para cá; Ajudar a conseguir trabalho, encontrar moradia e remessas; Diálogo entre os governos do Brasil e do Haiti.
Resolução Normativa nº 27, de 25 de novembro de 1998
Disciplina a avaliação de situações especiais e casos omissos pelo
Conselho Nacional de Imigração.
Um refugiado tem direito a um asilo seguro. Contudo, a proteção internacional abrange mais do que a segurança física. Os refugiados devem usufruir, pelo menos, dos mesmos direitos e da mesma assistência básica que qualquer outro estrangeiro residindo legalmente no país, incluindo direitos fundamentais que são inerentes a todos os indivíduos. Portanto, os refugiados gozam dos direitos civis básicos, incluindo a liberdade de pensamento, a liberdade de deslocamento e a não sujeição à tortura e a tratamentos degradantes.”
O refúgio é um instituto jurídico para proteger pessoas perseguidas que tem sua vida ameaçada e que necessitam de proteção internacional. Os haitianos sofrem as consequências de uma catástrofe natural, mas não são vítimas de perseguição, não atendem os requisitos do conceito de refugiado previsto na Convenção de 1951 e na legislação nacional (Lei 9474/97); portanto, o Comitê Nacional para os Refugiados – CONARE não encontra amparo para deferir seus pedidos de refúgio. Vale-se, então, da Resolução Recomendada nº 08/06, do Conselho Nacional de Imigração, que no Art. 1º “Recomenda ao Comitê Nacional para os Refugiados – CONARE [...], o encaminhamento ao Conselho Nacional de Imigração – CNIg, dos pedidos de refúgio que não sejam passíveis de concessão, mas que, a critério do CONARE, possam os estrangeiros permanecer no país por razões humanitárias”.
RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 97, DE 12 DE JANEIRO DE 2012
Dispõe sobre a concessão do visto permanente previsto no art. 16 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, a nacionais do Haiti.
(Alterada pela Resolução Normativa nº 102/2013)
Art. 1º Ao nacional do Haiti poderá ser concedido o visto permanente previsto no art. 16 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, por razões humanitárias, condicionado ao prazo de 5 (cinco) anos, nos termos do art. 18 da mesma Lei, circunstância que constará da Cédula de Identidade do Estrangeiro.
Parágrafo único. Consideram-se razões humanitárias, para efeito desta Resolução Normativa, aquelas resultantes do agravamento das condições de vida da população haitiana em decorrência do terremoto ocorrido naquele país em 12 de janeiro de 2010.
Art. 2º O visto disciplinado por esta Resolução Normativa tem caráter especial e será concedido pelo Ministério das Relações Exteriores. (Redação dada pela RN 102, de 26/04/2013)

Processo Migratório
1. Motivos para ter deixado o Haiti
a) Trabalhar e estudar / buscar novas oportunidades;
b) Ajudar a família que ficou no Haiti / Violência. Falta de segurança;
c) Por causa do terremoto (perderam tudo) / Ouviram dizer que o “porto” do Brasil estava aberto.
2. Trajeto feito até chegar ao Brasil
· República Dominicana / Equador ;
·Porto Príncipe/Panamá/ Equador/Peru e Tabatinga/Brasil;
· Relatos de violência por parte da policia; roubos, estrupo etc;
·Alguns gastaram três meses para chegar ao Brasil;
·Em 2012, 30,8% dos entrevistados fizeram o trajeto em até 15 dias e 11,3% indicaram ter gasto mais de 120 dias para chegar ao Brasil;
·Em 2013, 73,9% gastaram até 15 dias para chegar ao Brasil.

3. Custos com a viagem até o Brasil
· Em média gastaram USD 2.912,72 no trajeto, mas há indicações de gastos mais elevados que chegam a ultrapassar mais de USD 5.000,00.
· Valor médio de dívida chegava a USD 1.908,34, para alguns ultrapassava USD 2.000,00, chegando mesmo a USD 6.000,00.

 A vivência no trabalho
Queixas em relação ao salário pago no Brasil: baixo,
Insuficiente para as despesas / Não compreensão dos descontos no contra cheque.
Tipo de trabalho diverso da expectativa / Aqueles que têm qualificação, não encontram trabalho condizentes com suas habilitações/ Não falar o português dificulta encontrar trabalho.
Sociabilidade no Brasil
·         Convivência propiciada pelas Igrejas;
·         Dificuldade de participar de atividades culturais por falta de recursos financeiros e de tempo.
Avaliação no processo migratório
Apesar das dificuldades encontradas, vários afirmam gostar do Brasil;
· Alguns se arrependem de terem vindo;
·Dificuldades enfrentadas por causa do idioma, inclusive no momento de conseguir emprego. Alguns afirmaram que “o português é o idioma mais difícil do mundo”;
·Queixam das taxas para o envio de remessas para o Haiti.
Diálogo com as empresas
· Em discurso positivo relataram que os trabalhadores haitianos faltam pouco ao trabalho, não têm envolvimento com roubos ou furtos e mantêm postura de boas relações sociais, respeitando as hierarquias. Perfil mais operacional tem adaptação tranquila.
· Em discurso negativo relataram que os haitianos são mais “lentos” para realizar o trabalho ou apresentam ritmo muito diferente dos brasileiros.
Governo haitiano / ajudar haitianos que emigraram
· Manifestaram desejo de que esta pesquisa chegue ao ouvido do Presidente do Haiti – “Ele precisa saber o que está acontecendo com os haitianos que emigraram”.
· Pedem proteção para haitianos que estão em perigo, especialmente nas fronteiras.
· Preocupação com a imagem do Haiti no mundo.
· Necessidade de divulgar informações sobre a situação dos imigrantes no Brasil e dos problemas da migração irregular.

GEDEP – Grupo de Estudos Distribuição Espacial da População
Programa de Pós-graduação em Geografia/PUC Minas

Reflexões embasadas nos estudos da Teologia Antropológica e Fundamentação teológica do mal

No dia 12 de janeiro de 2010 o Haiti, pelo fato de localizar-se numa região com frequêntes terremotos e furacões, foi atingido por um terremoto devastador, colocando abaixo a maioria das construções da capital Porto Príncipe, ocasionando um número de vítimas fatais próximo à casa das 200 mil pessoas, além de milhares de feridos. O retrato do país semi-destruído, com milhares de corpos espalhados pelas ruas e um infinito clamor e ranger de dentes das pessoas que perderam seus parentes e amigos, sem contar as vozes vindas de debaixo das escombros, daqueles que soterrados gemiam por socorro em meio a um fedor indescritível dos corpos em estado de putrefação.
Jesus nos ensina sobre como lidar com tragédias, guardadas as proporções, ao terremoto do Haiti. São tragédias classificadas como fatalidades. Jesus fala da Torre de Siloé. O texto de Lucas 13. 4-5 diz que ela desabou, deixando 18 mortos. Jesus sabia que mesmo quando, aos nossos olhos, mortes ocorrem como conseqncia de acidentes, isso não impede que rapidamente exerçamos julgamento; não impede que tentemos nos colocar no lugar de Deus. E Jesus pergunta, sobre os que pereceram: Acham que eram mais culpados do que todos os demais habitantes da cidade? O ensino é idêntico: Não se coloquem no lugar de Deus; não se concentrem em um possível juízo ou  julgamento sobre as vítimas; cuidem de si mesmos! Constatem a sua culpa! Arrependam-se!
Creio que a conclusão desse ensino, é que, conscientes da soberania de Deus e de que ele sabe o que deve ser feito, não devemos insistir em procurar grandes explicações para as tragédias e fatalidades. Jesus nos ensina que teremos aflições neste mundo (João 1.33) - essa é a norma de uma criação que geme na expectativa da redenção.
Assim, as tragédias, são lembretes da nossa fragilidade; de que a nossa vida é como vapor; de que devemos nos arrepender dos nossos pecados; de que devemos viver para dar frutos. Também, não cometamos o erro de diminuir a pessoa de Deus, indicando que Ele está ausente, isolado, impotente, queremos reafirmar Deus continua no controle.
O mal é antes de tudo uma constatação. Fere o ser humano em sua busca de querer viver, em seu anseio de realização e felicidade. O mal se reproduz em cadeia e de modo excessivo. A explicação do mal como inerente ao ser humano é outra perspectiva bíblica, sobretudo, presente na literatura sapiencial.
O sofrimento, as ambiguidades e os diversos males que afetam a condição humana são perfeitamente naturais, simplesmente fazem parte da criaturalidade própria do ser humano..., como mistério inescrutável para a limitadíssima compreensão humana... O próprio Jesus não aceita a crença popular segundo a qual todo sofrimento seria consequência do pecado. Os haitianos sofreram na pele este mal, e são hoje reflexos de uma nação completamente devastada por um mal natural que estamos sujeitos principalmente pelo desequilíbrio da natureza, fruto da má administração humana.
Assim como o homem, a natureza tem seus limites e de fato vivenciamos uma crise ecológica da qual o homem não se preocupa antecipadamente, mas colhe o desespero e a vingança das consequências do meio natural, e o seu limite é afetado da mesma maneira que o limite da criação. Porém o mal que afetou a população haitiana, não trouxe só a necessidade de reconstrução física e estrutural do país, mas uma restruturação emocional e da dignidade da família de cada um.
O Haiti vive sob condições precárias e a resposta de vida deste povo é procurar condições de sustentar a vida que já parece escorrer entre os dedos de cada haitiano. É a procura por países onde possam recomeçar, onde possam morar e comer do suor do trabalho. Várias são as áreas afetadas e que são pilares fundamentais do desenvolvimento da vida do ser humano: a higiene, a pobreza, a saúde, matérias-primas. A auto-estima e a dignidade se tornam como um fulgor de esperança para sobrevivência. Perseguir a vida e a reconstrução é uma batalha do haitiano que sofre ainda com o preconceito, por onde passa, sua mão de obra se torna quase sinônimo de trabalho escravo, com baixos salários e sem o mínimo de conforto e segurança.
É uma luta constante contra a esperança que parte do sacrifício diário, pelo mínimo que um ser humano pode ter. Lutar contra o preconceito, a desigualdade, a injustiça social, a discriminação racial, e se sujeitar como um povo que está um nível abaixo das outras nações. Em adição a tudo isso, são vítimas da insensibilidade do ser humano às tragédias - Provérbios 17.5 diz: o que se alegra na calamidade, não ficará impune; mesmo perplexos, sabendo que não somos juízes nem videntes. Devemos nos solidarizar com as vítimas, na medida do possível e atravessar portas de contato, ajuda e transmissão das boas novas divinas àqueles que Deus venha, porventura, colocar em nosso caminho.
   
Carta endereçada aos Haitianos
Caro amigo,
Neste momento pedimos permissão para chamá-lo de amigo. Não sabemos se acredita na Bíblia como um livro muito importante para a vida e repleto de sabedoria para conduzí-lo, mas ali, no livro de Provérbios diz que há amigos mais chegados que irmãos. É neste espírito que queremos te dizer que nos importamos com você. Nos importamos com a sua necessidade e queremos chorar e lutar juntos. A sua dor é a nossa dor, o seu sentimento de impotência se torna o nosso sentimento de impotência, sua falta de abrigo e o seu sentimento de solitude e isolamento também são nossos sentimentos a partir de hoje.
Neste mesmo livro, em Deuteronômio, revela que Deus defende a causa do órfão, da viúva e AMA o estrangeiro dando lhe alimento e roupa. Isso tudo é para te dizer que você não esta só. Existe alguém que se importa com você. Que defende a sua causa e vê a sua ausência de pátria. Ele se importa não só com a sua vida como pessoa, mas também com alguém que se senti desamparado de segurança e família. O desejo do coração de Deus é que você não sinta fome e frio. Ele quer te aquecer e te alimentar, seja suas causas mais básicas ou mais profundas. Este Deus não mede esforços para te ver pleno. Ele mesmo te criou e te formou. Escreveu sua história e se importa com cada detalhe. Ele não é grande demais para não se importar e nem pequeno demais para que não possa intervir na sua vida e te estender a mão. Ele se auto limitou por amor e te fez a imagem e semelhança Dele. Você consegue mensurar este amor…. Consegue imaginar tudo isso…. Ele defende a sua causa e te ama tanto que se importa com a sua dignidade. Você é digno como homem, como filho e como imagem de Deus.
Deus é Soberano e criador do Universo, tudo foi criado Nele e por Ele. Nada foge do controle de suas mãos e tudo que você precisa Ele tem poder para te dar e restaurar. Nele você pode confiar e se lançar. Ele firmou a sua identidade a partir da Dele, e por isso, você é mais valioso do que imagina. Você foi criado com um propósito maior e todas as suas limitações podem ser entregues a Ele. Ele mesmo entregou o seu único filho, Jesus, para que todos aqueles que Nele creem, tenham acesso a vida eterna. Por você Ele também sofreu, viveu no meio de nós, e assim como você foi peregrino nessa terra. Passou por lugares onde não foram seu lar. Em alguns outros foi expulso e por fim, condenado por seu próprio povo. Ele se entregou para a morte de cruz, afim de que nós não venhamos a perecer no mal para sempre. Ele é a esperança, Ele é a vida e a alegria.
Hoje Ele vivo está! E bem ao seu lado você pode encontrá-lo. Ele é onipresente e onisciente! Agora mesmo, enquanto você lê essa carta, Ele está ao seu lado para trazer-lhe paz e esperança. Saiba que como corpo de Cristo, também temos necessidades e como membros deste mesmo corpo nos completamos e nos auxiliamos. Nós precisamos de você e pode contar conosco.
Seja bem vindo ao Reino, a pátria de Deus. E nós, seus amigos mais chegados que irmãos queremos ser os braços de Deus nesta terra. Sinta-se abraçado, por Ele e por nós. Te amamos e a partir de agora você tem uma família.

Bibliografia:

http://youtu.be/idP76mEH6Tw
http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm

Obs.: O material da pesquisa foi gentilmente cedido pelo professor Kaká da disciplina Missão Integral, no curso de Teologia Pastoral - CTMDT

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